Durante uma apresentação na Concha Acústica, em Salvador, no último sábado (1º), o rapper Criolo interrompeu o show para ler uma mensagem de paz projetada no telão. A manifestação foi uma resposta direta à operação policial que resultou na morte de mais de 120 pessoas nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, em 28 de outubro.
Com o palco ao fundo, o artista leu as frases que apareceram para o público: “Quem patrocina o crime organizado não mora na favela”, começou. “Chega de guerra, a favela pede paz”, continuou, finalizando com o recado: “Não é entretenimento, é resistência”.
A voz de Criolo se uniu à de Marisa Monte, que também se posicionou sobre o ocorrido. Na noite de sexta-feira (31), durante a estreia de sua turnê “Phonica” no Rio, a cantora desabafou: “A gente teve uma semana muito difícil, para todos nós que sentimos a dor de quem tem um cotidiano atravessado pela impotência humilhante da violência. Eu sou carioca, essa cidade é a minha casa. Espero que a música e a arte possam unir nossos corações aqui hoje e possam mostrar para nós um caminho da esperança de dias melhores”.
O show de Criolo em Salvador faz parte de sua turnê nacional em comemoração aos seus 50 anos de idade, que já passou por 17 cidades. A agenda do rapper continua movimentada. Ele se apresenta no Rio de Janeiro neste sábado (8) e, no dia seguinte, retorna a Petrópolis para o segundo fim de semana do festival Rock the Mountain. Ele já se apresentou no primeiro fim de semana do evento, neste domingo (2), e volta ao palco Estrela no pr’óximo domingo (9) para mais uma performance.
As manifestações artísticas ecoam as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, em entrevista a veículos internacionais nesta terça-feira (4), em Belém, descreveu a ação policial como “matança” e “desastrosa”.
“O dado concreto é que a operação do ponto de vista da quantidade de mortes as pessoas podem considerar que ela foi um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, declarou o presidente. “Nós inclusive estamos tentando ver se os legistas da Polícia Federal participam da investigação do processo. Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve a matança. Acho bom especificar em que condições ela se deu”.
A operação, considerada a mais letal da história do estado, gerou um embate entre o governo federal e o governador do Rio, Cláudio Castro (PL). O governador acusou a União de ter negado pedidos de apoio das Forças Armadas, alegação que foi rebatida publicamente por ministros de Estado.
Em meio a esse cenário, o governo federal enviou ao Congresso um projeto de lei chamado de “antifacção”, que busca endurecer as penas para organizações criminosas, e autorizou a transferência de presos ligados ao Comando Vermelho para presídios federais de segurança máxima.
Fotos de Criolo em show na Concha Acústica, em Salvador











