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Caetano e Bethânia cantam ‘Sampa’; assista e saiba a origem da música

Música composta pelo artista baiano foi criada em 1978 para celebrar o aniversário de São Paulo

Maria Bethânia (esq.) e Caetano Veloso em show da turnê "Caetano & Bethânia" no Allianz Parque, em São Paulo | 18.dez.2024/Divulgação
Maria Bethânia (esq.) e Caetano Veloso em show da turnê "Caetano & Bethânia" no Allianz Parque, em São Paulo | 18.dez.2024/Divulgação

A música “Sampa”, de Caetano Veloso, é um símbolo da cidade de São Paulo, tendo completado 47 anos em 2025. A canção foi composta em 1978 para um programa de televisão em comemoração ao aniversário da capital paulista, que neste sábado (25) celebra 471 anos. No último show que fez na cidade, em 18 de dezembro, no Allianz Parque, o músico baiano entoou o clássico ao lado de sua irmã Maria Bethânia.

A composição surgiu de um momento de reflexão do artista sobre a cidade, onde ele buscou inspiração em suas vivências e impressões sobre a metrópole. A famosa esquina das avenidas Ipiranga e São João, que se tornou um cartão postal do imaginário nacional, foi um dos locais ajudaram nos versos da música. O compositor afirma que esse cruzamento era próximo à sua casa, o que o fez refletir sobre a cidade e sua cultura.

O baiano ressalta que a canção “Ronda”, de Paulo Vanzolini, também foi uma grande influência para a composição. Segundo o tropicalista, “‘Ronda’ é uma canção que é o retrato de São Paulo”. A melodia de “Ronda” é inclusive citada em “Sampa”. Apesar de a música ter sido inspirada em São Paulo, o artista revela que ela foi escrita no Rio de Janeiro e surgiu em um dia em que o filho de Dona Canô escrevia sobre a metrópole, demonstrando como as impressões e memórias de um lugar podem ser recriadas em outro contexto.

Ao chegar a São Paulo, nos anos 1960, Caetano teve uma impressão inicial que ele descreve como “feia” e “provinciana”, com cartazes de cinema de “mau gosto”, o que ele afirma ter influenciado a crônica da época que é expressa em “Sampa”. Também comenta que sua experiência na cidade era limitada a um ambiente de classe média baixa, o que o levou a perceber uma certa “deselegância” nas pessoas. No entanto, o artista reconhece que a cidade se transformou ao longo do tempo, com a “paulistana” se tornando mais “pop” e elegante. Segundo o compositor, os comentários sobre a cidade presentes na canção se tornaram menos “indiscutíveis” com o tempo.

Apesar das críticas e impressões iniciais sobre a cidade, o baiano reconhece a importância de São Paulo em sua trajetória e na história da música popular brasileira. “Sampa” não é apenas uma canção sobre a metrópole, mas também uma reflexão sobre a experiência de um artista que se relaciona com um lugar novo. A música celebra a identidade cultural da cidade, suas transformações, sua complexidade e também as contradições da capital paulista.

 

Sampa

Alguma coisa acontece no meu coraçãoQue só quando cruza a Ipiranga e a avenida São JoãoÉ que quando eu cheguei por aqui eu nada entendiDa dura poesia concreta de tuas esquinasDa deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita LeeA tua mais completa traduçãoAlguma coisa acontece no meu coraçãoQue só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rostoChamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gostoÉ que Narciso acha feio o que não é espelhoE à mente apavora o que ainda não é mesmo velhoNada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começoAfasta o que não conheçoE quem vem de outro sonho feliz de cidadeAprende depressa a chamar-te de realidadePorque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelasDa força da grana que ergue e destrói coisas belasDa feia fumaça que sobe, apagando as estrelasEu vejo surgir teus poetas de campos, espaçosTuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do sambaMais possível novo quilombo de ZumbiE os novos baianos passeiam na tua garoaE novos baianos te podem curtir numa boa
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