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Morre Jimmy Cliff, ícone do reggae e embaixador da música jamaicana, aos 81 anos

Artista, que mantinha forte laço com o Brasil, teve a morte confirmada após uma convulsão depois de quadro de pneumonia

Músico jamaicano Jimmy Cliff, ícone do reggae | Divulgação
Músico jamaicano Jimmy Cliff, ícone do reggae | Divulgação

Morreu nesta segunda-feira (24) o cantor e compositor jamaicano Jimmy Cliff, um dos maiores nomes da história do reggae, aos 81 anos. A informação foi confirmada em um comunicado assinado por sua família. Segundo a nota, o artista morreu em decorrência de uma convulsão, após um quadro de pneumonia.

“Para todos os seus fãs em todo o mundo, saibam que o vosso apoio foi a força dele durante toda a sua carreira. Ele realmente apreciou cada fã pelo seu amor”, diz trecho do comunicado assinado por sua esposa, Latifa, e seus filhos Lilty e Aken.

Nascido em Saint James, na Jamaica, em 1944, Cliff foi uma figura central na transformação da música de sua ilha em um fenômeno global. Ao lado de nomes como Bob Marley, ele ajudou a moldar e a difundir o ska, o rocksteady e, principalmente, o reggae para o mundo, tornando-se um de seus maiores embaixadores.

Sua trajetória começou no início dos anos 1960 em Kingston. Foi um dos primeiros artistas jamaicanos a assinar com a gravadora britânica Island Records e a se mudar para Londres, onde lançou seu primeiro álbum, “Hard Road to Travel”, em 1967. O sucesso internacional veio com o filme “The Harder They Come” (“Balada Sangrenta”), de 1972, que ele estrelou e cuja trilha sonora se tornou fundamental para a popularização do reggae.

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A relação de Jimmy Cliff com o Brasil começou cedo e foi intensa. Ele veio ao país pela primeira vez em 1968 para se apresentar no Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. A experiência foi tão marcante que a estadia, prevista para duas semanas, durou quatro meses e rendeu o disco “Jimmy Cliff in Brazil”.

Foi no Brasil que ele compôs “Wonderful World, Beautiful People”, inspirada na energia do público no Maracanãzinho, e “Many Rivers to Cross”, motivada por suas reflexões sobre o racismo velado que observou no país. “É um país lindo, tudo é bonito, mas existe um segredo por debaixo disso. Os pretos não lutavam contra as pessoas que os oprimiam”, disse ele à Folha de S. Paulo.

A partir dos anos 1980, suas visitas se tornaram frequentes. Uma memorável turnê com Gilberto Gil lotou estádios e ajudou a consolidar o reggae no Brasil. “Jimmy Cliff influenciou e seguirá influenciando minha música. Obrigado por tanto”, escreveu Gil nesta segunda-feira.

O sucesso no país se refletiu em trilhas sonoras de novelas, como “Reggae Night” e “Rebel in Me”, e em diversas parcerias. Ele gravou com Olodum, Cidade Negra e, em 1997, participou do “Acústico MTV” dos Titãs, cantando “Querem Meu Sangue”, versão de Nando Reis para seu clássico “The Harder They Come”.

A Bahia se tornou uma segunda casa para o artista. Em Salvador, ele teve sua filha brasileira, a atriz e cantora Nabiyah Be, fruto de sua relação com a artista plástica Sônia Gomes. Nabiyah atuou no filme “Pantera Negra”, da Marvel, um feito que enchia o pai de orgulho.

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A conexão com a Bahia foi tão profunda que a atual ministra da Cultura, Margareth Menezes, teve um papel central em sua vida pessoal. Foi ela quem apresentou Cliff a Sônia Gomes. Nesta segunda-feira, a cantora baiana lamentou a morte do amigo, publicando um relato carinhoso nas redes sociais sobre as “memórias que seguem comigo”.

Durante os anos 1970, o músico se converteu ao Islã após uma jornada pela África, experiência que influenciou o álbum “Give Thankx” (1978). Ele também estudou o hinduísmo e o budismo em suas buscas espirituais.

Vencedor de dois prêmios Grammy, Jimmy Cliff foi incluído no Hall da Fama do Rock and Roll em 2010 e recebeu a Ordem de Mérito da Jamaica, a maior honraria de seu país, em 2003. O primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, o descreveu como “um verdadeiro gigante cultural”.

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