A era “Cowboy Carter” chegou aos palcos. Na noite desta segunda-feira (28), Beyoncé deu início à sua nova turnê mundial, “Cowboy Carter and the Rodeo Chitlin'”, com um show monumental no SoFi Stadium, em Inglewood, região de Los Angeles. Diante de uma multidão ansiosa, a artista entregou um espetáculo de quase três horas e 36 músicas, que transcendeu o rótulo country do álbum para reafirmar sua posição como uma força única no entretenimento, mesclando gêneros, visuais impactantes e mensagens poderosas.
Abrindo com a força de “Ameriican Requiem”, Beyoncé surgiu em um figurino de cowboy branco, estabelecendo a estética western que permeou a noite. No entanto, como a própria artista fez questão de frisar, o show foi muito mais do que uma simples incursão pelo country. Foi uma celebração das origens negras do gênero e uma reafirmação de seu próprio espaço. “Quero agradecer a todos aqueles que vieram antes de mim […] Obrigada por me darem a liberdade criativa para me desafiar”, declarou, enquanto imagens de pioneiros negros do country, como Linda Martell, eram exibidas.
A apresentação foi um banquete visual e sonoro. Em “Jolene”, Beyoncé flutuou sobre o público sentada em uma ferradura gigante iluminada. Montou um touro mecânico dourado e robótico para “Tyrant” e sobrevoou o estádio em um carro vermelho com a bandeira americana durante “16 Carriages”. Elementos da era “Renaissance” também marcaram presença, com o cavalo Reneigh repaginado em dourado e momentos de celebração ballroom, com a artista exclamando: “Bem-vindos de volta ao Renaissance, pessoal!”.
Para o público brasileiro, um dos pontos altos foi a incorporação de samples de funk. Na faixa “Spaghetii”, Beyoncé utilizou um trecho de “Aquecimento das Danadas”, clássico do funk carioca dos anos 2000 assinado pelo DJ Mandrake. Em outro momento do show, a batida de “Essa Tá Quente”, do DJ paulistano Mimo Prod, também ecoou pelo estádio, confirmando a conexão da artista com a sonoridade brasileira.
O show também foi marcado por fortes momentos de comentário social e cultural. A transição de uma delicada “Blackbiird” para uma versão impactante do hino nacional americano, utilizando a icônica guitarra de Jimi Hendrix em Woodstock 1969, serviu como uma poderosa reflexão sobre a história e o presente dos Estados Unidos, seguida pela performance de “Freedom”. “America Has a Problem” ganhou um cenário de coletiva de imprensa, reforçando a crítica implícita.
A família Carter também teve seu espaço de destaque. A filha Blue Ivy, aos 13 anos, mostrou talento e confiança ao se juntar ao corpo de baile em diversas canções, como “Ya Ya” e “America Has a Problem”, chegando a liderar uma coreografia solo durante “Deja Vu”, revivendo movimentos da era “B’Day”. Já a pequena Rumi Carter, de 7 anos, também subiu ao palco durante “Protector”, faixa que conta com seus vocais, trocando um abraço emocionado com a mãe.
Outros momentos que empolgaram os fãs incluíram uma divertida referência a um vídeo viral do TikTok durante “Diva”, a fusão de “Thique” com elementos de “Bills, Bills, Bills” do Destiny’s Child (embora sem a presença das ex-companheiras no palco) e a primeira performance ao vivo de “Daddy Lessons” desde 2016, com Beyoncé circulando o estádio na ferradura gigante. O clímax veio com um remix de “Texas Hold ‘Em” que desembocou no hit atemporal “Crazy in Love”.
Descrito pela crítica internacional como um “espetáculo teatral calculado à perfeição”, o show de abertura da turnê “Cowboy Carter” reafirma Beyoncé “em uma liga própria”, misturando entretenimento de alta qualidade com profundas camadas de significado pessoal, cultural e histórico.
A turnê “Cowboy Carter and the Rodeo Chitlin'” segue com mais datas nos Estados Unidos antes de cruzar o Atlântico para shows na Europa, com apresentações programadas até julho. A expectativa para uma possível passagem pelo Brasil, embora ainda não confirmada, cresce entre os fãs.
Fotos de Beyoncé em show no SoFi Stadium (28.abr.2025)
