O CPM 22 realizou neste domingo (7), na segunda edição do The Town, um show que pode ter sido um acerto de contas com sua história. Se apresentações marcantes no Rock in Rio consolidaram a banda nacionalmente, faltava um momento à altura na cidade natal do grupo, São Paulo.
Durante a performance no palco The One, o vocalista Fernando Badauí agradeceu ao público: “Vocês foram muito importantes nesses 30 anos. Muito obrigado por tudo que vocês fazem por nós”. Ele foi então interrompido por gritos de “sem anistia”, em protesto contra a possibilidade de perdão a uma eventual condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe no STF (Supremo Tribunal Federal).
“A voz do povo tem poder, não é mesmo? O mundo dá voltas”, completou o vocalista, endossando a manifestação da plateia antes de anunciar a próxima música.
Diante de um público que lotou o morro do autódromo, a apresentação ganhou ainda mais importância com a celebração dos 30 anos de carreira da banda, completados em 22 de agosto, com turnê anunciada com compromissos em várias cidades. O repertório festivo percorreu os principais hits, desde os tempos de Hangar 110, lendária casa de punk rock na zona norte paulistana.
Com “Regina Let’s Go”, primeiro hit nacional, o grupo abriu o show. Em quase uma hora, Badauí, Luciano Garcia (guitarra), Phil Fargnoli (guitarra), Ali Zaher Jr. (baixo) e Daniel Siqueira (bateria) mostraram por que o sucesso conquistado nos anos 2000, com prêmios no VMB 2002, da MTV, se sustenta até hoje.
A banda é ainda melhor ao conseguir fazer isso sem perder a essência dos tempos de Hangar. Canções como “Tarde de Outubro”, “Dias Atrás”, “Irreversível” e “Não Sei Viver Sem Ter Você” se confundem com a trajetória de vida de muitos dos presentes.
As tradicionais rodas de bate-cabeça também marcaram presença, principalmente em músicas mais rápidas como “Um Minuto Para o Fim do Mundo” e “Desconfio”, que fizeram o público levantar poeira do gramado. Outro destaque foi a homenagem aos Paralamas do Sucesso, com a versão punk rock de “Meu Erro”.
Embora o grupo rejeite o rótulo de emo, suas letras confessionais foram decisivas para a rápida identificação com o público no início dos anos 2000. Esse apelo lírico ajudou a impulsionar a cena no Brasil e abriu espaço no mainstream para outras bandas de punk rock e hardcore.
A performance fez parte de um domingo dedicado ao rock no The Town. O palco The One também recebeu apresentações de Iggy Pop, Pitty e Supla com Inocentes. No palco Skyline, a noite teve Green Day, Bad Religion, Bruce Dickinson e Capital Inicial.
O dia foi marcado por manifestações políticas de vários artistas e, principalmente, do público. Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, manifestou-se contra a chamada PEC da impunidade. Billie Joe Armstrong, do Green Day, criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o fascismo, e Greg Graffin, do Bad Religion, também fez seus discursos. Os mineiros do Black Pantera criticaram ainda o presidente norte-americano. Provocado pelo público, o mais incisivo talvez tenha sido o próprio Badauí.
O The Town retorna com shows de Backstreet Boys, na quinta-feira (12), Mariah Carey, na sexta-feira (13), e Katy Perry, no sábado (14).
