O Capital Inicial levou ao The Town, neste domingo (7), no autódromo de Interlagos, em São Paulo, um show elétrico e pesado, interrompendo a turnê comemorativa dos 25 anos do “Acústico MTV” (2000). Em sua estreia no festival e abrindo a programação do palco Skyline, a banda apostou em guitarras distorcidas e um repertório com pegada punk, antecedendo nomes como Bruce Dickinson, Bad Religion, Green Day, Pitty e Iggy Pop, na programação do dia do rock no evento.
Logo na abertura com “Psicopata”, de 1986, seguida por “Saquear Brasília” (2012) e o hit “Independência”, a apresentação contou com a participação especial do guitarrista Thiago Castanho, ex-Charlie Brown Jr. Durante “Independência”, o vocalista Dinho Ouro Preto fez sua primeira manifestação do dia: “Feliz Dia da Independência. Viva a nossa democracia.
O tom político, uma marca registrada dos shows da banda em grandes festivais, voltou com força antes de “Que País é Este?”, clássico do Legião Urbana. “Essa música aqui é sobre a violência, a pobreza, a desigualdade brasileira. Música sobre a PEC [proposta de emenda à Constituição] da impunidade que eles estão querendo aprovar no Congresso… os nobres deputados, engravatados”, discursou Dinho.
A “PEC da impunidade”, como foi apelidada, refere-se a propostas de emenda à Constituição que buscam rever os limites da imunidade parlamentar, dificultando processos e prisões de deputados e senadores. A fala de Dinho foi recebida com aplausos pelo público.
A formação turbinada com Castanho deu força a canções como “Veraneio Vascaína” e a própria “Que País é Este”, resgatando a energia das origens do grupo. O repertório, muito similar ao apresentado em edições do Rock in Rio (onde a banda já tocou 10 vezes), também trouxe sucessos como “Quatro Vezes Você” e “À Sua Maneira”.
O público vibrou com “Natasha” e principalmente com “Primeiros Erros (Chove)”, composição de Kiko Zambianchi. Para completar a carga punk, o Capital incluiu uma versão de “Should I Stay or Should I Go”, clássico do The Clash.
O Dia da Independência no The Town foi marcado por diversas manifestações políticas. Além do Capital Inicial, Green Day e Bad Religion também fizeram discursos politizados. Já a banda CPM 22 foi interrompida durante seu show no palco The One por gritos de “sem anistia” vindos da plateia.
O coro foi uma manifestação popular contrária a qualquer tipo de perdão para os envolvidos nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e no planejamento de um golpe de estado. Atualmente, o STF (Supremo Tribunal Federal) julga dezenas de réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e membros das Forças Armadas, por participação e planejamento dos atos. Diante dos gritos, o vocalista Badauí respondeu: “a voz do povo tem poder”.
O festival, que teve seu primeiro dia no sábado (6) com Travis Scott e Ms. Lauryn Hill, retorna na próxima sexta-feira (12) com Backstreet Boys.