A noite de quarta-feira (14) em São Paulo foi a apoteose da turnê “Wake Up!” do System of a Down na América do Sul. O autódromo de Interlagos, com ingressos esgotados e um público de 70 mil pessoas, transformou-se em um caldeirão efervescente para a despedida da banda armênio-estadounidense do público brasileiro. Às 21h15, o quarteto subiu ao palco para uma performance avassaladora de 2 horas e 20 minutos, entregando um setlist extenso de 38 músicas.
A energia era palpável desde a abertura com Ego Kill Talent e AFI. Quando Serj Tankian, Daron Malakian, Shavo Odadjian e John Dolmayan assumiram seus postos, a resposta foi imediata e intensa. John Dolmayan, repetindo o gesto de carinho das datas anteriores no Allianz Parque e no Rio, visitou a área PCD antes do show, conectando-se com os fãs.
O repertório em Interlagos foi uma celebração da discografia da banda, mesclando surpresas com os hinos indispensáveis. Faixas como “36”, “Pictures”, “Highway Song”, “Mind” e “Spiders” retornaram ao set. Antes de “Lonely Day”, Daron Malakian ainda brindou o público com um trecho de “Careless Whisper”, sucesso na voz de George Michael.
Clássicos como “Aerials” e “Hypnotize” embalaram o público com sua melodia característica, enquanto a trinca “Needles”, “Bounce” e “Forest” transformou a pista em um mar de gente em movimento. As rodas de mosh, que se formavam e se desfaziam como ondas humanas, demonstravam a intensidade da noite. Mesmo no caos controlado, a harmonia prevalecia: se alguém ia ao chão, dezenas de mãos surgiam instantaneamente para reerguer, num pacto silencioso de respeito mútuo.
A energia da plateia, aliás, foi um espetáculo à parte. Durante a performance de “Toxicity”, Daron Malakian reiterou a frase que já havia se tornado um mantra nos shows brasileiros: “O System of a Down não usa pirotecnia no palco, porque nossos fãs trazem o fogo!”. A resposta foi uma explosão de sinalizadores e fumaça colorida que pintaram o céu de Interlagos. A tarefa dos seguranças e bombeiros de conter os artefatos era árdua, e por vezes, até eles pareciam rendidos à vibração, alguns sendo vistos entrando no ritmo da música e contendo sorrisos cúmplices.
Antes de “Cigaro”, o guitarrista fez um discurso dedicando a música à equipe responsável pela turnê. Ao recitar os primeiros versos e antes de iniciar a faixa, comentou com um sorriso: “Essa letra é tão estúpida”, referindo-se a “My cock is much bigger than yours (Meu pau é bem maior que o seu) / My cock can walk right through the door (Meu pau pode atravessar direto pela porta) / With a feeling so pure (Com um sentimento tão puro)”.
O hino “Chop Suey!” foi cantado em uníssono por milhares de vozes. A poderosa “Sugar” veio na sequência, encerrando o setlist principal com uma explosão final de energia. Após a última nota, uma espetacular queima de fogos de artifício, que durou mais de cinco minutos, iluminou o autódromo, selando a despedida apoteótica da banda.
A turnê “Wake Up!”, que levou cerca de 500 mil pessoas aos estádios em toda a América do Sul, teve início em Bogotá (24/4), com uma homenagem às vítimas e sobreviventes do genocídio armênio, e passou por Lima (27/4), Santiago (30/4), Buenos Aires (3/5), Curitiba (6/5) e Rio de Janeiro (8/5), antes das três datas em São Paulo.
Setlist do System of a Down em São Paulo (14.mai.2025 – Interlagos)
- X
- Attack
- Suite-Pee
- Prison Song
- Violent Pornography
- Aerials
- Mr. Jack (com interlúdio de “Hezze”)
- I-E-A-I-A-I-O
- Genocidal Humanoidz
- A.D.D.
- 36
- Pictures
- Highway Song
- Needles
- Deer Dance
- Soldier Side – Intro
- Soldier Side
- B.Y.O.B.
- Radio/Video
- Bubbles
- Dreaming (somente o breakdown)
- Hypnotize
- ATWA
- Bounce
- Suggestions
- Psycho
- Chop Suey!
- Lost in Hollywood
- Lonely Day (com introdução de “Careless Whisper” do Wham!)
- Streamline
- Mind
- Spiders
- Forest
- Cigaro (Dedicada à equipe da banda, empresários, etc.)
- War?
- Roulette (Precedida por introdução da banda)
- Toxicity
- Sugar
Fotos do show do System of a Down em São Paulo






