O que parecia ser uma bela homenagem à maior banda punk da história brasileira acabou virando piada no primeiro dia de Knotfest Brasil, neste sábado (19), no Allianz Parque, em São Paulo. Escalado para tocar antes dos anfitriões e donos do festival, Slipknot, em excelente horário, o Ratos de Porão precisou fazer seu show sem luzes.
“Eu já sei porque a gente está tocando no escuro. É porque a gente é punk”, disse o vocalista João Gordo em cima do palco, às escuras. “Alguém tem uma lanterna para nos emprestar?”, questionou em tom jocoso.
Sobrou até para a concessionária de energia elétrica do estado de São Paulo, Enel, que tem sido duramente criticada pelos apagões que atingiram a capital e região metropolitana. “Ei, Enel, vai tomar no cu”, gritou parte do público.
Pouco depois da metade do show que durou em torno de 30 minutos, algumas luzes foram acesas, mas a experiência da banda e do público já estava prejudicada. Apesar disso, o Ratos de Porão fez uma das melhores apresentações do dia, com um set raivoso que passou por várias fases da banda, que tem mais de 40 anos de história.
Na madrugada deste domingo (20), o vocalista do Ratos de Porão se manifestou também nas redes sociais depois do problema técnico. “O breu que nóis tocamos [sic] não foi protesto contra o [Ricardo] Nunes nem boicote contra nossa bandeira do MST. Deu tilt geral na iluminação do Slipknot zerou a programação e sobrou pra gente”, disse o artista. “Pedimos desculpas para os nossos fãs que estavam lá. Agora, quem deve desculpas a quem pagou mó grana de ingresso é a produtora do Knofest”, completou.
Em outra publicação, o líder do Ratos gravou um vídeo sem luz, com isqueiro aceso em mãos e disse que a única vez que isso ocorreu foi em um show na Espanha, em 1994, em uma ocupação punk na cidade de Burgos.
“Uma ocupação tosca, lugar todo tosco, tinham umas 30 pessoas. Caiu a luz e nós tocamos no escuro completo. O som não caiu, só a luz. Agora, como novidade, tivemos a experiência de tocar no escuro para 30 mil pessoas. Foi muito louco, cara, foi demais”, disse o vocalista sarcasticamente.
O guitarrista Jão, por sua vez, fez menção à Enel e o apagão muitos moradores da capital paulista enfrentam há mais de uma semana. “Palco no escuro, falta de respeito com a banda? Sim, sem dúvida, mas que sirva de protesto contra a Enel. Quando penso que ainda temos pessoas sem energia elétrica em casa desde a semana passada, não posso ficar reclamando por ter tocado no escuro, afinal a vida é muito maior que um show de rock”, escreveu no Instagram.
Neste domingo (20), no segundo dia de festival, além do anfitrião Slipknot, estão escalados P.O.D., Ego Kill Talent, Bad Omens e Black Pantera. Ainda há ingressos disponíveis no site da Eventim, com valores que variam de R$ 345 a R$ 790.