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Rael exalta cultura negra, mistura ritmos e toca Bob Marley e James Brown no Rio

Cantor paulistano foi atração do festival TIM Music Rio com show gratuito na praia de Copacabana

Rael em show da terceira edição do TIM Music Rio, na praia de Copacabana, no Rio | Rogério Kruger - 2.jun.2024/Divulgação

Rael em show da terceira edição do TIM Music Rio, na praia de Copacabana, no Rio | Rogério Kruger - 2.jun.2024/Divulgação

“O acesso é muito importante”, diz o cantor Rael em entrevista no backstage, após seu show grátis na praia de Copacabana, no Rio, no domingo (2). O artista paulista subiu ao palco antes de Djavan no último dia da terceira edição do festival TIM Music Rio.

“Eu lembro que quando eu tinha 8 anos de idade, eu vi um show do Racionais de graça perto da minha casa. Aquilo mudou a minha vida, mano. Eu vi aqueles caras, os caras falarem uns bagulhos que eu pensava, era o que eu vivia, sabe? Aquilo que transcendeu”, diz o rapper nascido no Jardim Iporanga, bairro periférico na zona sul de São Paulo.

Mais de três décadas depois, o rapper, que completa 41 anos em 1° de outubro, levou suas músicas de graça ao público na capital fluminense e diz ter realizado um sonho. “Eu fazia violão e voz lá [na minha quebrada] pra quem acreditava no meu trabalho, que eram meus amigos. Então, eu fiz um violão e voz hoje aqui na praia de Copacabana. Não sei quantas mil pessoas que tinha aí. Uma Copacabana como um pano de fundo, sabe? Costumo dizer que ‘nada mal pra um maloqueiro que nem eu'”, afirma.

Rael em show da terceira edição do TIM Music Rio, na praia de Copacabana, no Rio | Rogério Kruger - 2.jun.2024/Divulgação
Rael em show da terceira edição do TIM Music Rio, na praia de Copacabana, no Rio | Rogério Kruger – 2.jun.2024/Divulgação

Ao longo de uma hora e meia, Rael apresentou um repertório que percorreu seus hits e diversos gêneros musicais, como rap, reggae, pop, soul, pagode, samba e forró. O setlist levou as faixas “Hip-Hop É Foda”, “Flor de Aruanda”, “Ela me Faz”, “Sempre” e “Envolvidão”, seu maior sucesso, além de releituras de  “Waiting in Vain”, de Bob Marley, e “It’s a Man’s, Man’s, Man’s World”, de James Brown.

Com essa mistura de estilos, Rael fala sobre definições de artistas e de seu estilo. “Cara, eu acho que não cabe em prateleira, porque é uma coisa que fala de plural, é uma música plural. O mercado tem uma tendência em colocar nome nas coisas e segmentar elas, sabe? Então eu venho de uma família musical, meu pai multi-instrumentista, minha mãe canta na igreja, minha mãe toca reggae…”.

O estereótipo de rappers negros e a liberdade para criar coisas diferentes também foram comentados por ele durante a entrevista: “Porque os caras falavam assim: ‘Mano, o que o preto tem que ser?’. Eu falei: ‘Mano, tem que ser feliz, tio’. A gente já viveu tanta coisa, a gente tem que ser feliz, sacou? Então entra esse contexto do Djavan, do Jorge Ben, tá ligado? Entra esse contexto musical que acalmou a gente também. Que eu acho que é um modo de resistência, tá ligado, irmão? Pra mim, na minha visão, é um modo de resistência você amar, você se autocuidar, é um modo de resistência”.

E as referências e exaltação de elementos da cultura negra é muito presente no trabalho de Rael, que recentemente apresentou um quadro no “Fantástico”, da TV Globo, sobre música preta. “Ainda é um trabalho de muita resistência. Se foi difícil pra mim fazer rap nos anos 90, imagina pro Djavan nos anos 70. Ou o Jorge Ben há 50 anos. Quando trombei com Djavan agradeci por ele ter resistido. Por isso é importante hoje eu e o Djavan estarmos aqui enaltecendo a música preta brasileira”.

Rael (de roupa branca) e sua banda em show da terceira edição do TIM Music Rio, na praia de Copacabana, no Rio | Rogério Kruger - 2.jun.2024/Divulgação

TIM MUSIC RIO 2024

Além de Rael e Djavan, que foram responsáveis por finalizar o festival, passaram pelo palco Iza e Preta Gil levou o “Baile da Preta” no sábado (1°).

No primeiro fim de semana, Marina Sena e Baco Exu do Blues foram os responsáveis por abrir a terceira edição do evento no sábado (25), enquanto Diogo Nogueira comandou uma homenagem a Beth Carvalho (1946-2019), com participações de Roberta Sá e Marvvila, e Gloria Groove se apresentou no domingo (26).

O jornalista viajou a convite da TIM