O Popload Festival retornou ao calendário de São Paulo neste sábado (31) com sua nona edição, a primeira desde 2022, marcando também sua estreia no parque Ibirapuera. A noite teve como atração principal a elegante Norah Jones, que apresentou um repertório refinado, culminando em um encontro especial com a cantora islandesa Laufey, um dos nomes mais celebrados do dia.
A cantora e compositora americana, aos 46 anos, demonstrou por que sua carreira é tão sólida e aclamada. Sentada predominantemente ao piano, Norah Jones conduziu o público por sua mistura característica de jazz, blues e pop, com uma interpretação vocal impecável e um domínio instrumental que prendeu a atenção. O show focou canções de seu mais recente disco, “Visions” (2024), mas a artista também revisitou composições mais antigas e vigorosas, como “Don’t Know Why” para encerrar a performance.
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Ela mostrou diferentes facetas de sua musicalidade, que por vezes incorpora uma energia mais rústica e direta, lembrando suas influências do country de raiz. Um dos momentos mais singulares e aplaudidos da noite foi quando Norah Jones convidou Laufey ao palco. Juntas, as duas artistas, que representam diferentes gerações mas compartilham uma afinidade com o jazz e a canção popular, interpretaram “Come Away with Me”, clássico de Norah, em um dueto que encantou a plateia pela sintonia das vozes e pela beleza do arranjo.
Laufey, mais cedo, já havia arrebatado o público do Ibirapuera com sua performance solo. A islandesa de 26 anos, um verdadeiro fenômeno do jazz-pop contemporâneo, apresentou canções de seu premiado álbum “Bewitched”, como “From the Start”, “Falling Behind” e a faixa-título. Com uma voz hipnotizante e uma habilidade impressionante ao alternar entre guitarra, piano e violoncelo, Laufey demonstrou um carisma e uma maturidade artística que justificam sua ascensão meteórica, dialogando com a bossa nova e o cancioneiro clássico de forma original. Ela chegou a apresentar material de um novo álbum em gravação, mostrando que sua criatividade segue em alta.
Antes delas, o palco principal recebeu a força do rock alternativo de St. Vincent. Annie Clark, com seu projeto inventivo e sua guitarra afiada, apresentou faixas de seu mais recente e elogiado álbum, “All Born Screaming”, como “Broken Man” e “Flea”, que ao vivo ganharam uma crueza e uma intensidade ainda maiores. Conhecida por sua presença de palco conceitual, St. Vincent não decepcionou, entregando uma performance com gestos marcantes e, em um momento de catarse, descendo do palco para interagir de perto com os fãs na grade.
A icônica Kim Gordon, ex-Sonic Youth, também marcou presença com sua performance experimental e visceral. Aos 72 anos, ela trouxe a atitude do rock alternativo, com canções de seus álbuns solo “No Home Record” e “The Collective” (2024). Com seu estilo vocal único, entre o falado e o cantado, e uma sonoridade que explorou o noise e elementos eletrônicos, Gordon reafirmou sua importância como uma figura transgressora e influente. Ela também se apresenta neste domingo (1º) no Cine Joia, em um show solo do Popload Gig.
O festival no Ibirapuera começou mais cedo com a banda Exclusive os Cabides, seguida pela cantora Tássia Reis. O duo norte-americano The Lemon Twigs, formado pelos irmãos Michael e Brian D’Addario e conhecido por seu rock com forte inspiração nos anos 70, também se apresentou no palco principal, após uma performance solo no palco do Cine Joia, nesta sexta (30).
Um encontro especial no meio da tarde uniu a banda Terno Rei e o cantor Samuel Rosa, ex-Skank, em uma colaboração que agradou aos fãs de ambos, mesclando as sonoridades dos artistas em canções conhecidas e celebrando a música brasileira.
Paralelamente aos shows do palco principal, o novo espaço Poploading by Heineken, com uma área bem menor e dedicado a artistas independentes e emergentes, funcionou durante os intervalos, apresentando nomes como Stefanie, Supervão, Jadsa, a norte-americana Moor Mother (que abre para Kim Gordon no Cine Joia), Vera Fischer Era Clubber, Maria Beraldo e Yago Oproprio.
Esta nona edição do Popload Festival marcou uma estreia bem-sucedida no parque Ibirapuera, oferecendo uma experiência de conforto e fácil acesso aos palcos para o público. A curadoria, como destacado pelo criador do festival, o jornalista Lúcio Ribeiro, buscou apresentar algo “ousado e diferente”, e a forte presença feminina no palco principal, com artistas de diferentes gerações e estilos, foi um dos grandes acertos do evento.
Fotos do Popload Festival 2025
