A pluralidade da música brasileira foi a grande protagonista no parque Villa-Lobos neste último fim de semana, dias 3 e 4 de maio. Em sua sexta edição, o Nômade Festival reuniu um público entusiasmado para dois dias de apresentações que mesclaram diferentes gerações e estilos, firmando o evento como um ponto de encontro essencial para a nossa diversidade sonora em São Paulo.
O sábado (3) teve como um dos momentos mais celebrados a estreia de Ney Matogrosso no festival. Aos 83 anos, o artista apresentou a turnê “Bloco na Rua”, contagiando a todos com sua energia e presença cênica inconfundível. O repertório incluiu desde a faixa-título até clássicos como “Balada do Louco” e “Pavão Misterioso”, além de sua interpretação para “O Último Dia”.
Ainda no sábado, Daniela Mercury trouxe a força do axé para o palco principal. O primeiro dia contou também com a expressividade do rap de Ebony, o balanço do grupo Os Garotin, a MPB característica de Jota.Pê e a voz potente de Helena Serena, demonstrando a amplitude de propostas do festival.
No domingo (4), Alcione, a Marrom, comandou o palco. Celebrando 50 anos de uma carreira vitoriosa, a diva do samba desfilou um repertório de sucessos atemporais, como “A Loba” e “Não Deixe o Samba Morrer”. Um dos pontos altos foi a interação com Seu Jorge, que assistia da plateia e foi convidado a subir ao palco, rendendo homenagens à cantora ao fim de “Doce Veneno”.
João Gomes, um dos expoentes da nova geração, também marcou presença no domingo com um show exclusivo. O cantor de piseiro animou o público com hits como “Eu Tenho a Senha” e “Dengo”. A apresentação incluiu ainda o encontro com Jota.Pê para cantar “Beija Flor”, do álbum conjunto “Dominguinho”, e releituras de clássicos de Kid Abelha e Adriana Calcanhotto. A presença de sua família no palco adicionou um toque afetuoso ao momento.
O encerramento do festival ficou a cargo da intensidade do BaianaSystem. Com o novo show baseado no disco “O Mundo Dá Voltas”, a banda liderada por Russo Passapusso transformou o local em um espaço de comunhão, com o público respondendo com rodas e manifestações políticas. No mesmo dia, Silva apresentou sua musicalidade sofisticada, e Rachel Reis mostrou o repertório de seu segundo disco, “Divina Casca”, em sua primeira performance ao vivo do trabalho.
A novidade desta edição, o palco Bosque, ofereceu um ambiente alternativo com música contínua. O espaço recebeu sets dos DJs Luísa Viscardi e Tutu Moraes, além de apresentações de artistas como Kirá (filho de Manu Chao) e Flor (filha de Seu Jorge), que cantou faixas de seu álbum de estreia, “Prima”, em formato intimista.
Além da programação musical, o Nômade Festival disponibilizou uma estrutura completa no parque Villa-Lobos, incluindo uma variada vila gastronômica e o Bosque Nômade, uma área de descanso e convivência. A sexta edição do evento reafirmou sua importância como vitrine para a música brasileira em suas mais diversas formas.