O rock não morreu nem precisa ser salvo, mas é inegável o frescor que Olivia Rodrigo traz ao estilo. Por mais que sua música tenha uma pegada “Disney” — o conglomerado de entretenimento americano do qual a artista fez parte em seus tempos de atriz, ainda adolescente, em meados dos anos 2010 —, sua presença massiva no cenário musical prova que o gênero segue se renovando. A quantidade expressiva de mães e pais acompanhando os filhos ao show reforça esse argumento e evidencia que o rock continua vivo e em constante transformação.
O show mais aguardado do primeiro dia do Lollapalooza Brasil, nesta sexta-feira (28), foi o dela. A apresentação no palco Budweiser, no autódromo de Interlagos, em São Paulo, atraiu uma multidão que cantou em uníssono os sucessos dos dois álbuns da cantora americana: ‘” Sour” (2021) e “Guts” (2023), este último indicado ao Grammy em 2024.
“Obsessed” e “Ballad of a Homeschooled Girl”, ambas do segundo disco, abriram o show, destacando a faceta mais roqueira e rebelde da jovem. Além de impulsionar a energia inicial da apresentação, que durou cerca de 1h30, as duas faixas prepararam o terreno para “Vampire”, um dos maiores sucessos da artista, entoado em coro pelo público.
“Na última vez que toquei essa música, em Curitiba [em show na quarta (28)], eles cantaram tão alto que acho que bateram meu recorde mundial. Vocês conseguem fazer melhor?”, perguntou a cantora, já sentada ao piano para tocar “Driver’s License”, o seu primeiro grande hit. Lançada em 2021, a balada foi o single de estreia de “Sour” e acumula mais de 2,4 bilhões de reproduções no Spotify.
Ainda do mesmo álbum, “Traitor” manteve o tom introspectivo. Em seguida, “Bad Idea Right?”, com performance sensual, e “Love Is Embarrassing” marcaram a transição para um ritmo mais acelerado, acompanhadas pela presença de bailarinas que reforçaram a presença de palco da cantora.
“Pretty Isn’t Pretty” adicionou um tom melancólico ao show, trazendo influências do rock alternativo dos anos 1990, presentes na estética musical de Olivia Rodrigo. A letra da canção, que aborda a autodepreciação feminina, ganha força com a coreografia final da artista e suas dançarinas, em que uma se apoia na outra no melhor estilo “mexeu com uma, mexeu com todas”.
Na parte mais intimista do show, a artista emendou “Happier”, a country “Lacy” e “Enough For You”, sua faixa preferida.
A sequência mais enérgica do show foi retomada com “So American”, faixa escrita por Olivia em homenagem ao namorado, o ator britânico Louis Partridge. Antes de tocar “Jealousy, Jealousy”, apresentou as integrantes de sua banda, composta exclusivamente por mulheres.
Antes do bis, “Favorite Crime”, “Teenage Dream” e “Deja Vu” desaceleraram o ritmo, permitindo que a cantora circulasse pelo palco, interagisse com os fãs e encerrasse a primeira parte da apresentação com desenvoltura, mesclando pop e rock com naturalidade e carisma.
No bis, como não poderia ser diferente, Olivia optou por uma sequência de músicas mais pesadas, composta por “Brutal”, “All-American Bitch”, “Good 4 U” e “Get Him Back!”, lavando a alma dos fãs que esperavam desde 2021 para ver a americana descendente de avós filipinos se apresentar pela primeira vez no Brasil.
A apresentação no Lollapalooza Brasil transformou a jovem de 22 anos na segunda headliner mais jovem da história do festival, atrás apenas de Billie Eilish, em 2023. Foi apenas o terceiro show dela como atração principal de um festival em sua carreira. Os dois primeiros foram nos Lollas Chile e Argentina, no último fim de semana.
Ao longo de 2024, Olivia Rodrigo realizou mais de 90 shows pela Oceania, Ásia, Europa, Estados Unidos e Canadá, arrecadando US$ 184,6 milhões (cerca de R$ 1,08 bilhão) com a venda de mais de 1,4 milhão de ingressos, segundo a Billboard.
Após a turnê sul-americana, a cantora fará sua estreia no México, com duas apresentações solo na Cidade do México, no Estádio GNP Seguros (2 e 3 de abril), além de ser headliner do festival Tecate Pal Norte, em Monterrey (6 de abril).
Olivia Rodrigo retomará a turnê na Europa, em junho, como atração principal de vários festivais, incluindo o Pinkpop, na Holanda (21/6); BST Hyde Park, na Inglaterra (27/6); Roskilde, na Dinamarca (28/6); Glastonbury, na Inglaterra (29/6); Rock Werchter, na Bélgica (6/7); NOS Alive, em Portugal (10/7); I-Days, na Itália (15/7); e Lollapalooza Paris, na França (18/7), entre outros.