Chris Brown realizou, neste domingo (22), o segundo show de sua passagem por São Paulo. O Allianz Parque foi palco de uma noite repleta de energia e nostalgia, com um repertório extenso, com mais de 50 músicas e ultrapassando duas horas de duração. Com início pouco depois das 20h40, o espetáculo celebrou a trajetória do artista americano, desde seus primeiros sucessos até os lançamentos mais recentes, sem deixar de lado as controvérsias que o cercam.
A noite começou com a vibrante “Angel Numbers/Ten Toes”, faixa que abre seu último álbum, “11:11”, lançado em 2023. A música, com influências de afrobeat e amapiano, demonstra a busca de Brown por novas sonoridades dentro do R&B pop. Seguiu com outras canções do novo disco, como “Summer Too Hot” e “Go Girlfriend”, antes de mergulhar em sucessos mais antigos.
Dividido em quatro atos, o show permitiu que Brown explorasse diferentes momentos de sua carreira. Hits como “Ayo”, “Beautiful People” e “Yeah 3x” incendiaram o público, que cantou em uníssono com o artista. A produção foi grandiosa, com elementos característicos de grandes espetáculos, como pirotecnia, troca de figurinos, bailarinos e coreografias elaboradas.
Um dos momentos mais marcantes da noite aconteceu durante o segundo bloco. Na performance de “Wall to Wall”, Brown foi alçado por cabos de uma espécie de tirolesa que o fizeram voar sobre o público. Reproduzindo a cena icônica do videoclipe da música, o artista percorreu um trajeto de quase cem metros no ar, do palco principal até uma plataforma secundária, ao fim da pista. A interação com o público e o impacto visual do momento geraram grande empolgação entre os fãs.
Esse bloco do show foi dedicado aos hits que consagraram Brown em meados dos anos 2000, solidificando sua posição como um dos principais nomes do R&B. A sequência nostálgica incluiu sucessos como “Run It!”, “Gimme That”, “Yo (Excuse Me Miss)”, “Say Goodbye” e “Kiss Kiss”, levando o público a uma viagem no tempo.
Ele demonstrou grande energia no palco, com coreografias precisas e momentos de interação com o público. Sua voz, por vezes, era ofuscada pelos arranjos musicais grandiosos, pensados para preencher o estádio. No entanto, sua presença de palco e domínio da dança compensavam.
Entre os blocos para a troca de figurino de Brown, surgia o DJ Fresh, que assumia o comando para tocar músicas das mais variadas, como algumas de funk brasileiro.
A performance de Chris Brown em São Paulo reacendeu a discussão sobre a complexa relação entre a arte e o artista. Embora talentoso e bem-sucedido na música, o cantor carrega um histórico de violência doméstica e acusações de agressão. O caso mais notório envolve a cantora Rihanna, sua ex-namorada, que também foi vítima de agressões. O caso veio à tona em 2009, pouco antes da última vinda do artista ao Brasil em 2010.
Esses episódios polêmicos lançam uma sombra sobre a figura pública de Brown, dividindo opiniões sobre a possibilidade de separar a obra do artista. Enquanto muitos fãs conseguem apreciar sua música sem levar em conta seu comportamento fora dos palcos, outros se recusam a consumir sua arte devido a seu passado conturbado.
A questão sobre como lidar com essa dualidade permanece em aberto. Cabe a cada indivíduo, e à sociedade como um todo, refletir sobre os limites da admiração por artistas que, apesar de seus talentos, carregam consigo um histórico de comportamentos reprováveis.