Um dos momentos mais potentes do ato contra a chamada PEC da Blindagem, neste domingo (21), em Copacabana, foi o encontro de Chico Buarque e Gilberto Gil no palco. Juntos, os dois ícones da MPB entoaram “Cálice”, canção composta pela dupla em 1973, um dos períodos mais duros da ditadura militar, mas lançada em 1978 e que se tornou um símbolo da luta por liberdade de expressão no Brasil.
O dueto, carregado de significado, aconteceu durante a manifestação que reuniu milhares de pessoas na orla do Rio de Janeiro. Vestidos com as cores da bandeira, Gil (verde) e Chico (azul) se juntaram a Caetano Veloso (amarelo) e Djavan (branco) como as principais vozes do protesto.
O principal alvo dos protestos é a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) nº 3/2021. Apelidada de “PEC da Bandidagem”, a proposta, já aprovada na Câmara, dificulta a investigação de parlamentares. Os atos também se posicionaram contra a anistia para os condenados pelos ataques de 8 de Janeiro.
O evento no Rio teve um tom de festival, com diversas apresentações musicais. Caetano Veloso abriu com clássicos como “Podres Poderes” e “Alegria, Alegria”. A tarde seguiu com duetos simbólicos, como Gil e Caetano em “Divino Maravilhoso”, e Caetano e Djavan em “Linha do Equador”.
“Como cantaram Caetano e Gil, temos que estar atentos e fortes”, disse Ivan Lins, em referência aos versos de “Divino Maravilhoso”, antes de apresentar “Novo Tempo”. Lenine também deixou seu recado antes de “Jack Soul Brasileiro”: “Estamos aqui não só para gritar ‘sem anistia, bandidagem não’, mas principalmente para reverberar nossa soberania”.
Frejat relembrou o Rock in Rio de 1985 e a esperança da Nova República ao cantar “Pro Dia Nascer Feliz”. “É uma música que em 85 a gente cantou no palco para celebrar a Nova República. Ela não deu tudo o que esperávamos, mas estamos melhores do que até então”, disse ele.
Na reta final, todos os artistas se reuniram no palco para cantar juntos “Apesar de Você”, de Chico Buarque, e encerraram o ato em clima de festa com “É Hoje”, clássico da União da Ilha.
O ato no Rio foi o principal de uma mobilização nacional. Segundo estimativas do Monitor do Debate Político do Cebrap/USP (Universidade de São Paulo), o público médio em Copacabana foi de 41,8 mil pessoas. Em Salvador, a manifestação foi comandada por Daniela Mercury com o ator Wagner Moura. Em São Paulo, na avenida Paulista, onde o público estimado foi de 42,4 mil pessoas, Emicida e Rashid cantaram Belchior, e o protesto contou com Otto, Dexter, Marina Lima e Nando Reis.
Assista aos shows no ato contra ‘PEC da Bandidagem’ no Rio




