Com um discurso crítico sobre o avanço da tecnologia, Alok transformou a Mercado Livre Arena Pacaembu, em São Paulo, em um palco de reflexão sobre o futuro da arte na noite deste sábado (28). O DJ apresentou o show “Keep Art Human”, parte de sua “Aurea Tour”, uma versão expandida da aclamada performance que levou ao festival Coachella, e contou com participações especiais de peso: Gilberto Gil e Zeeba.
O espetáculo, dividido em cinco atos, foi uma imersão sensorial. A cabine do DJ, ladeada por duas mãos prateadas gigantes, serviu de centro para um bombardeio visual impressionante. A produção contou com um vasto telão de 4.000 placas de LED com projeções futuristas, baterias de lasers e uma esquadrilha de 600 drones. Durante o show, os equipamentos formaram desenhos gigantes sobre o estádio, incluindo um coração pulsante e as frases “Keep Art Human” (mantenha a arte humana) e “Art needs soul” (arte precisa de alma).
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O conceito do show é questionar o papel da inteligência artificial na criação artística. “Para fazer arte, a gente tem algo que a inteligência artificial não tem, que é a alma”, afirmou Alok em entrevista coletiva. “A arte não é só para confortar, a arte também é para confrontar, para fazer a gente refletir e mover a cultura para frente. Se a gente perder o controle dessa narrativa para a inteligência artificial, é onde eu acho o problema”, completou o DJ.
Um dos momentos mais emblemáticos da noite foi a participação de Gilberto Gil. O ícone da MPB subiu ao palco para tocar “Tempo Rei” ao violão, em uma versão sem batidas eletrônicas. Em seguida, surpreendeu ao assumir as picapes e atacar de DJ, enquanto um remix de “Palco” ecoava pelos alto-falantes, para forte reação do público.
Em entrevista exclusiva ao Portal Lineup, Alok revelou que a interação de Gil foi espontânea. “Ele que viu o deck lá e falou ‘posso fazer?’. Eu nem esperava aquilo”, contou. “A gente traz uma conexão que é exatamente com respeito ao Gil como patrimônio cultural diante deste avanço da tecnologia fazendo músicas genéricas. É essa dualidade entre a questão da inteligência artificial e o que é uma arte humana, feita com alma”.
O encontro serviu como uma prévia do EP de remixes de clássicos de Gil com previsão de lançamento para julho, com a assinatura sonora de Alok. O projeto terá faixas como “Toda Menina Baiana” e “Maracatu Atômico”, e contará com a colaboração de outros nomes da cena eletrônica, como Mochakk, Maz e Watzgood.
A noite no Pacaembu teve outras participações no palco. Zeeba, voz do hit global “Hear Me Now”, cantou a inédita “Dive into the Ocean”, uma parceria que também deve ser lançada em breve. O grupo de músicos indígenas The Future Is Ancestral também entrou em cena, interpretando material do último álbum do DJ, que leva o mesmo nome do movimento.
O repertório de Alok passeou por diversas referências, com trechos de músicas de Tame Impala, Darude, Prodigy, Robin S, Beastie Boys, Benny Benassi e até System of a Down, mantendo o ritmo acelerado e com algo novo acontecendo a todo momento. O público, formado por diversas gerações, respondeu com pulos e braços para o alto.
A parte visual do show foi marcada ainda pela performance do grupo de dança italiano Urban Theory. Com cerca de 50 dançarinos, eles realizaram coreografias precisas com os braços, em sincronia com o ritmo. Alok explicou que o show na capital paulista foi fundamental para treinar a equipe de dançarinos brasileiros que se juntarão às bases que ele está formando na Europa, EUA e Coreia do Sul para a turnê global.
A turnê “Keep Art Human” já tem datas confirmadas na Romênia e em Malta. Questionado sobre parcerias dos sonhos, Alok revelou ao Portal Lineup que gostaria de colaborar com o Coldplay. “O Coldplay inspirou muito eu, o Bruno Martini e o Zeeba a fazer ‘Hear Me Now’ e outras músicas. Acredito que o Coldplay sempre teve essa inspiração na minha carreira”.
Mais cedo, a jornada no Pacaembu teve sets dos DJs Soulfie b2b Ric Rulie, Felguk b2b Subb e Bhaskar (irmão de Alok), além de um show completo de Matuê, um dos maiores nomes do trap nacional.
Fotos do show ‘Keep Art Human’, da ‘Aurea Tour’, de Alok
