- Publicidade -

Alice Cooper revive ‘pesadelo teatral’ e comanda noite no Best of Blues and Rock

Aos 77 anos, ícone do rock fez show repleto de clássicos e encenações no parque Ibirapuera, em São Paulo

Alice Cooper em show no festival Best of Blues and Rock, no parque Ibirapuera, em São Paulo | Yuri Miličević - 14.jun.2025/Divulgação
Alice Cooper em show no festival Best of Blues and Rock, no parque Ibirapuera, em São Paulo | Yuri Miličević - 14.jun.2025/Divulgação

O palco do Best of Blues and Rock transformou-se em um grande teatro de horror e rock and roll na noite deste sábado (14), no parque Ibirapuera, em São Paulo. O “pai do shock rock”, aos 77 anos, provou que sua majestade sombria continua intacta, entregando uma performance hipnotizante que encerrou o terceiro dia do festival com uma verdadeira aula de entretenimento e atitude.

Leia também

Há mais de meio século, em abril de 1974, Vincent Furnier, o homem por trás do personagem que batizou sua banda original, realizou um dos primeiros grandes shows internacionais no Brasil, um marco para a época. Cinquenta e um anos depois, a energia e a capacidade de chocar e encantar permanecem, e o espetáculo no Ibirapuera começou de forma impactante. Uma grande cortina estampada como a capa de um jornal anunciava que “Alice Cooper foi banido no Brasil”, com sua clássica maquiagem nos olhos estampada na foto e a manchete declarando seu julgamento por “feitos contra a humanidade”.

Enquanto uma montagem nos telões laterais exibia páginas de revistas e jornais de diferentes épocas, sempre horrorizadas com o artista, a banda cercava o tecido. Um holofote iluminou a cortina por trás, revelando a silhueta do artista de fraque e cartola. Um locutor então perguntou como ele se declarava em relação aos crimes, ao que ele respondeu “Culpado!”, rasgando o tecido com uma espada para saudar o público com “Lock Me Up” e “Welcome to the Show”.

A partir dali, a noite foi uma sucessão de clássicos e encenações que são a assinatura do artista norte-americano. Conduzindo a plateia por seus pesadelos musicais com uma desenvoltura impressionante, ele revisitou sucessos como “No More Mr. Nice Guy”, “I’m Eighteen”, “Under My Wheels”, “Bed of Nails”, “Billion Dollar Babies” e “Be My Lover”. A cada música, ou bloco delas, Cooper trocava de figurino ou empunhava um novo objeto cênico –fosse um cetro, uma muleta ou a já citada espada– regendo a plateia enquanto caminhava pelo palco.

A teatralidade, pilar fundamental de seus shows, esteve presente em diversos momentos icônicos. Em “He’s Back (The Man Behind the Mask)”, surgiu no palco um personagem caracterizado como Jason Voorhees, o implacável protagonista da série de filmes “Sexta-Feira 13”. Outras cenas marcantes incluíram a simulação de sua decapitação em uma guilhotina cenográfica durante a dramática “Ballad of Dwight Fry”, com sua cabeça sendo exibida ao público por uma atriz na sequência de “I Love the Dead” (esta última apenas com a banda). Um boneco gigante e monstruoso também apareceu no bis, durante “Feed My Frankenstein”, para delírio dos fãs.

Alice Cooper (esq.) e guitarrista Nita Strauss em show no Best of Blues and Rock, no parque Ibirapuera, em São Paulo | 14.jun.2025/Flashbang/Divulgação
Alice Cooper (esq.) e guitarrista Nita Strauss em show no Best of Blues and Rock, no parque Ibirapuera, em São Paulo | 14.jun.2025/Flashbang/Divulgação

A banda que acompanha o astro é um show à parte, demonstrando virtuosismo e entrosamento. A guitarrista Nita Strauss, ex-integrante da banda cover The Iron Maidens, teve seus momentos de brilho solo, assim como o baterista Glen Sobel, que executou um solo expressivo com um trecho de “Black Juju”. Os guitarristas Ryan Roxie e Tommy Henriksen, e o baixista Chuck Garric completaram o time com precisão e energia, comportando-se como verdadeiros servos da realeza macabra de seu líder.

Um dos pontos altos da apresentação foi a execução do hino “School’s Out”, que o público cantou em uníssono e que foi inteligentemente emendada com um trecho de “Another Brick in the Wall, Part 2”, do Pink Floyd. Foi neste momento que o cantor apresentou seus competentes músicos, recebendo aplausos calorosos. A performance de “Poison”, outro grande sucesso, também levantou a plateia.

Antes do headliner, o palco principal recebeu o potente trio mineiro Black Pantera. A banda, que vem ganhando cada vez mais destaque na cena nacional e internacional, fez sua estreia no festival com um show carregado de energia, representatividade e peso. Formada pelos irmãos Charles (guitarra e vocal) e Chaene da Gama (baixo) e Rodrigo Pancho (bateria), o grupo apresentou faixas do álbum “Perpétuo” e outros sucessos como “Fogo nos Racistas”. O show foi marcado pela energia visceral e por suas letras com forte mensagem social e antirracista, que incitaram rodas de mosh na plateia.

Leia também

A programação do sábado contou ainda com Marcão Britto e Thiago Castanho celebrando o legado do Charlie Brown Jr., e com a guitarrista Larissa Liveir, que mostrou sua técnica em versões de clássicos do rock.

Este foi o terceiro dos quatro dias da 12ª edição do Best of Blues and Rock. O primeiro fim de semana do festival, nos dias 7 e 8 de junho, teve como grande destaque a Dave Matthews Band, que realizou duas apresentações com repertórios distintos, incluindo covers de Pearl Jam e Bob Dylan e a participação do gaitista Gabriel Grossi.

O britânico Richard Ashcroft, ex-vocalista do The Verve, também marcou presença nos dois primeiros dias, despedindo-se do Brasil com hits de sua antiga banda e homenagens a ícones nacionais, como Ayrton Senna e Zico. Barão Vermelho, Cachorro Grande e Paula Lima com o projeto “Soul Lee” completaram a programação da primeira parte do evento.

O Best of Blues and Rock chegou ao fim neste domingo (15) com shows de Deep Purple, Judith Hill e Hurricanes, fechando quatro dias de celebração na capital paulista.

Setlist Alice Cooper no Best of Blues and Rock (14.jun.2025)

  1. Lock Me Up (Intro)
  2. Welcome to the Show
  3. No More Mr. Nice Guy
  4. I’m Eighteen
  5. Under My Wheels
  6. Bed of Nails
  7. Billion Dollar Babies
  8. Snakebite
  9. Be My Lover
  10. Lost in America
  11. He’s Back (the Man Behind the Mask)
  12. Hey Stoopid
  13. Drum Solo (Glen Sobel, com trecho de “Black Juju”)
  14. Welcome to My Nightmare
  15. Cold Ethyl
  16. Go to Hell
  17. Poison
  18. The Black Widow (Solo de Nita Strauss, com banda)
  19. Ballad of Dwight Fry
  20. I Love the Dead (Somente banda)
  21. School’s Out / Another Brick in the Wall, Part 2 (Cover de Pink Floyd)

Bis:

  1. Feed My Frankenstein
Compartilhe essa postagem:
Leia Mais
- Publicidade -
- Publicidade -