Dexter participou do show do Racionais MC’s na sexta-feira (22) para cantar o clássico “Diário de um Detento” no palco do Espaço Unimed, em São Paulo. Ao lado de Mano Brown, o rapper paulistano levou ao público os versos da música que fala sobre o Massacre do Carandiru, episódio em que ação da polícia militar matou 111 homens presos na extinta casa de detenção da zona norte da capital paulista.
“Ser convidado pelo Racionais, especialmente pelo [Mano] Brown, para dividir com ele a ‘Diário de um Detento’ é um prêmio”, afirma o cantor em entrevista exclusiva no backstage ao Portal Lineup. “A gente precisa que as pessoas também se lembrem deste capítulo triste da nossa história e façam uma reflexão. Hip-hop para mim é isso, rap para mim é isso. Além da diversão, a gente gera o conhecimento e também reflexão”, conclui.
Dexter, cujo nome de batismo é Marcos Fernandes de Omena, ficou “exilado”, como costuma chamar o período que cumpriu pena depois de sete assaltos, de 1998 a 2011. Parte deste tempo foi justamente no Carandiru, onde ao lado de Afro-X criou o duo musical 509-E.
Ele ainda falou sobre a sensação de cantar sobre o tema e a experiência. “É uma dor que a gente, por ter passado no Carandiru, sente. Quantas vezes eu subi ao pavilhão 9 e senti o cheiro de sangue. É um capítulo muito triste deste livro, né… Embora exista uma sociedade que vanglorie isso, que vanglorie os policiais que fizeram isso. Tirar a vida das pessoas nunca é uma boa ação. Ainda mais cento e muito mais do que 11, a gente sabe disso”, afirma questionando o número de vítimas divulgado oficialmente.
Dexter conta em entrevista como foi preso: “Eu fui roubar pra pagar o meu disco, porque a gravadora falou pra mim que não tinha mais condições de pagar. Eu tava com o Brown e Edi Rock produzindo meu primeiro disco. Não contei nada para os caras, sempre tive conhecimento, fui na quebrada, peguei uma arma e fui pegar um dinheiro pra pagar esse trabalho. Eu não fui por uma necessidade de comida, nem nada. Não era isso. Era outra coisa”, diz à reportagem do UOL.
Sobre a cela, o rapper diz: “Tinha uma vista privilegiada, a gente via as torres da Paulista. Era muito louco poder ver aquilo. Nas noites de Natal era a gente lá olhando pela janela. Era muito bom morar no 509-E, a gente montou um xadrez”.
No aniversário de 32 anos do massacre do Carandiru, como reportou a Folha de S.Paulo, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo extinguiu as penas dos policiais militares condenados por participarem da ação que deixou 111 presos mortos.
A decisão de 2 de outubro, indica a Folha, anula penas que vão de 48 a 624 anos de prisão imputadas a 74 agentes por 77 assassinatos com armas de fogo no pavilhão 9, onde as tropas teriam atuado para conter uma suposta rebelião. As outras mortes, por arma branca, foram atribuídas a outros detentos.
Racionais na Boogie Week
Este foi o primeiro show do Racionais dentro da programação da quarta edição da Boogie Week, festival multidisciplinar voltado à potência negra, já que o quarteto formado por Mano Brown, Edi Rock, KL Jay e o já citado Ice Blue volta ao mesmo local na capital paulista na próxima sexta (29). Ambos os eventos com ingressos esgotados.
Quem foi à casa, com capacidade para 8.000 pessoas, viu um grande espetáculo musical, com trocas de figurinos e muitas projeções em um cenário especial para a ocasião. Em pouco mais de duas horas, a apresentação percorreu todas as fases do Racionais, passando pelos álbuns “Holocausto Urbano” (1990), “Raio-X do Brasil” (1993), “Sobrevivendo no Inferno” (1997), “Nada como um Dia após o Outro Dia” (2002) e “Cores e Valores” (2014). “A concepção do show é contar a história dos Racionais desde o início”, afirma KL Jay em entrevista no camarim.
Além de Dexter, nomes como Rael e Rincon Sapiência também subiram ao palco para participar cantar a música “Malandros Online”, novidade parte do novo álbum do Racionais, que deve ser lançado em 2025.
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