Em entrevista por videoconferência ao Portal Lineup, o vocalista do Rancore, Teco Martins, disse que a intenção do grupo é aproveitar a sequência de shows da turnê “Relâmpago” para voltar a compor e, quem sabe, gravar um novo álbum.
“A ideia é a gente, ao longo desta turnê, compor juntos. Até vão ter uns ensaios em breve para ver se flui alguma coisa. Agora, é difícil prometer porque são sete anos sem tocar juntos e 10 anos sem compor juntos”, diz.
Surgido em 2001, em São Paulo, o Rancore lançou três álbuns, o último deles, “Seiva”, em 2011. Três anos depois, em 2014 a banda entrou em hiato porque o guitarrista Candinho Uba se mudou para Berlim, capital da Alemanha.
“Isso ainda não aconteceu [voltar a compor]. Nem estamos fazendo muito alarde porque existe uma série de fatores que podem culminar em algo bom ou em algo que não flua”, explica Teco Martins.
“Desde 2014, cada um de nós teve vivências diferentes, cada um escutando coisas diferentes, mas ainda temos bastante em comum em termos musicais. O desafio vai ser encontrar essa intersecção musical, mas nós vamos trabalhar para isso”, afirma.
Durante esse período de hiato que, segundo Teco Martins, não se deu por brigas, o Rancore fez uma turnê com datas esgotadas pelo Brasil, uma live em homenagem aos 10 anos de “Seiva” e no ano passado dois shows como headliner do Oxigênio Festival, dois no Hangar 110 e outro “secreto” na Rua Augusta.
A banda formada por Teco Martins (vocal), Candinho Uba (guitarra), Gustavo Teixeira (guitarra), Rodrigo Caggegi (baixo) e Alê Iafelice (bateria) é uma das atrações do Lollapalooza Brasil 2024, marcado para sexta-feira (22), sábado (23) e domingo (24) no autódromo de Interlagos, em São Paulo.
O Rancore será responsável por abrir os trabalhos do palco Budweiser, na sexta, às 12h45, o mesmo que vão tocar no mesmo dia Offspring e Blink-182, duas das bandas mais icônicas do punk e hardcore mundial.
“Eu não sou tão fã de Blink e Offspring, não escuto no meu dia a dia, mas o Gulão (guitarrista) e o Alê (baterista) gostam pra caralho, eles estão pirando”, revela Teco.
O grupo convidou para participar do show de estreia no Lolla a vocalista do Gritando HC, Eliane Souza, a Lê. Segundo Teco Martins, a lendária banda punk paulistana é referência para o Rancore desde o início da banda.
“No nosso primeiro show, em 2002, tocamos um cover de Gritando HC. Eles sempre foram uma referência de atitude pra nós e ter virado amigo pessoal da Lê e tê-la cantando conosco é uma honra gigante”, comemora.
Para quem nunca viu um show do Rancore, Teco garante que a experiência é bem diferente das músicas gravadas em estúdio.
“Eu não gosto muito dos discos do Rancore. Eu não gosto da maneira que foi gravado, mixado. Hoje em dia eu acho que não representa a banda.O show é uma experiência bem diferente do disco. Eu acho mais legal. Banda de rock tem que ser mais legal ao vivo do que no disco. Se não é fake, né?”, avalia o vocalista.
REVIVAL EMO
Há oito anos morando na zona rural de Indaiatuba, no interior de São Paulo, com uma vida de homem do campo, casado, com filho de 3 anos e uma rotina que inclui agrofloresta, venda de alimentos para restaurantes, prática e aulas de kung fu, Teco não imaginava que o Rancore teria outro retorno.
“Foi uma coisa bem espiritual mesmo. Foi uma série de acontecimentos se sucedendo na vida dos cinco integrantes da formação clássica. Eu sou professor de kung fu e fiz um exame de faixa-preta de segundo grau que durou 60 horas. Eu não posso contar o que aconteceu, mas eu tive algumas epifanias e desejei voltar com a banda”, conta.
O vocalista do Rancore afirma ainda que esse momento de volta do emo aos holofotes, como tem sido desde a bem sucedida turnê de retorno do NX Zero, o anúncio da volta do Forfun com shows em estádios e recém realizado festival I Wanna Be Tour, em cinco capitais, não tem relação com esse retorno do quinteto.
“A gente cresceu junto com NX Zero, Gloria, Fresno, Dance of Days, tocando nas mesmas casas de shows, mas nossa banda nunca foi muito emo, nós nunca fomos um ícone emo. A gente sempre andou um pouco à margem disso, mas andando junto”, diz.
“Eu tive várias oportunidades de receber cachês gigantes, trocando a formação da banda. Talvez o integrante que fosse substituído nem ficasse chateado, mas eu penso que o Rancore é um negócio tão verdadeiro e sincero que, se for pra acontecer, tem que rolar da maneira mais verdadeira possível, mesmo que eventualmente isso não aconteça”, conclui Teco.